Harmonizações faciais: uma perspectiva psicanalítica do mal-estar contemporâneo
DOI:
https://doi.org/10.69751/arp.v14i27.5762Resumo
As harmonizações faciais são procedimentos estéticos não cirúrgicos que vêm se destacando como um fenômeno crescente na sociedade contemporânea. Identificamos, nesse sentido, o rosto como fonte de mal-estar ou como um punctum, conceito criado por Mieli para definir o lugar do corpo próprio, que causa incômodo, e o desejo de se desfazer dele. Destarte, surgiu o interesse de realizarmos uma pesquisa de revisão bibliográfica em Psicanálise, cujo objetivo consiste em tecer uma articulação entre a busca por mudanças faciais e as proposições psicanalíticas sobre intervenções no corpo. Visamos entender o mal-estar que afeta corpos cada vez mais jovens, elegendo, como objeto de estudo, homens e mulheres na faixa etária entre 20 e 40 anos que se submeteram ao procedimento. Indagamos se a motivação do número expressivo de aumento dos procedimentos se dá em virtude do medo de envelhecer. Este artigo justifica-se devido ao fato de a incidência de procedimentos estéticos faciais liderarem as cinco primeiras colocações dos métodos não cirúrgicos mais realizados no Brasil, em conformidade com dados do último censo da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). Conclui-se que a escolha pela prática de harmonizações corresponde a fatores da dimensão cultural, como a mídia, e que o medo de envelhecer se mostra uma justificativa para tal, uma vez que os dois procedimentos não cirúrgicos mais realizados têm por finalidade prevenir e tratar rugas e linhas de expressão, havendo uma incidência maior dos procedimentos estéticos na faixa etária entre 19 e 50 anos.